A Colonização de Araxá e Região: Violência, Sofrimento e o Papel da Igreja Católica

1. Introdução: O Contexto da Colonização em Araxá e no Triângulo Mineiro

A configuração urbana da região do Triângulo Mineiro e, consequentemente, de Araxá, é o resultado de processos complexos de criação e evolução de seus centros urbanos. Estes foram marcados por uma temporalidade desigual de interesses econômicos, políticos e sociais. A ocupação inicial, no século XVII, foi impulsionada por expedições de bandeirantes paulistas em busca de metais e pedras preciosas, e secundariamente, pela captura de povos indígenas. No entanto, essas incursões eram predominantemente exploratórias e não resultaram no estabelecimento de assentamentos permanentes.

No século XVIII, a descoberta de ouro e diamantes em Mato Grosso (1719) e Goiás (1725) transformou o Triângulo Mineiro, então conhecido como Sertão da Farinha Podre, em uma área de trânsito crucial para mineradores e tropeiros. Essa condição de passagem levou à fundação de algumas vilas, que representaram os primeiros assentamentos aglomerados na região. Contudo, a ocupação efetiva permaneceu esparsa, com a área servindo principalmente como ponto de apoio, abrigo e descanso para os centros mineradores.

O processo pioneiro de assentamento aglomerado teve início com a criação de aldeias indígenas, estrategicamente localizadas ao longo do Caminho de Anhanguera ou dos Goiases (1730). Essas aldeias foram estabelecidas pelo governo da capitania de Goiás, à qual a região foi integrada em 1736. Seu propósito principal era defensivo, visando proteger a única rota para as minas de Goiás, além de servir como locais de descanso para as tropas. Exemplos desses primeiros assentamentos incluem Rio das Pedras (atual Cascalho Rico), Santana do Rio das Velhas (Indianópolis) e Pissarrão (extinto), fundados em 1748.

O breve sucesso da mineração no Triângulo Mineiro entre as décadas de 1740 e 1790, particularmente com a exploração de depósitos de ouro no Rio das Velhas, impulsionou o estabelecimento de arraiais como Desemboque em 1760. Outros assentamentos mineradores, como Diamantino da Bagagem (atual Estrela do Sul), surgiram no início do século XIX. Embora esses núcleos relacionados à mineração tenham experimentado intensa prosperidade inicial, eles declinaram rapidamente após o esgotamento dos recursos, como exemplificado por Desemboque.

No final do século XVIII e início do XIX, outros assentamentos surgiram devido a um movimento migratório geral, que trouxe pecuaristas e agricultores da porção centro-sul de Minas Gerais. Essa migração avançou sobre as áreas de cerrado, desenvolvendo a pecuária extensiva e a agricultura de subsistência. Assentamentos como São Domingos do Araxá e Nossa Senhora do Patrocínio foram fundados antes de 1810. A Igreja Católica também desempenhou um papel fundamental na formação de arraiais e vilas, sendo a presença de uma capela frequentemente uma condição para a legitimação desses agrupamentos populacionais.

A ocupação mais efetiva do Triângulo Mineiro foi favorecida pelo declínio da mineração no centro de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso no final do século XVIII. Após sua transferência de Goiás para Minas Gerais em 1816, a região foi efetivamente colonizada por “geralistas” que migraram do centro-sul de Minas. Eles estabeleceram fazendas para criação de gado e cultivo de alimentos, resultando na expulsão das populações indígenas. O governo de Minas Gerais estimulou essa ocupação através da distribuição de sesmarias, o que fomentou uma estrutura fundiária altamente concentrada e dominada por grandes propriedades pastoris.

Araxá emergiu como um dos novos centros urbanos diretamente relacionados à nova atividade produtiva da pecuária extensiva. No início do século XIX, Araxá, juntamente com Patrocínio, começou a polarizar as atividades de pecuária extensiva mais ao norte, enquanto Uberaba polarizava a oeste. Essa crescente importância contribuiu para a anexação do Triângulo Mineiro, que incluía as jurisdições de Desemboque e Araxá, à capitania de Minas Gerais em 1816. A imposição de altos impostos de intermediação comercial sobre as exportações de gado pelo governo de Goiás impulsionou um forte movimento para anexar a região a Minas Gerais, visando remover barreiras à expansão mercantil desses centros urbanos emergentes.

Durante esse período, o centro urbano de Araxá ascendeu como um polo político e mercantil dominante para todo o Triângulo Mineiro. Sua economia estava ligada à pecuária extensiva, à rota do sal originária da costa do Rio de Janeiro e ao comércio de gado e outros produtos. Por essas razões, Araxá foi elevada à categoria de “julgado” em 1881. No entanto, a subordinação de Araxá às estruturas rurais e seu limitado desenvolvimento mercantil, com relações comerciais favorecendo outros centros intermediários, impediram a consolidação efetiva de sua dominância na região. Consequentemente, Araxá perdeu sua proeminência urbana para Uberaba, que se projetou por meio das estratégias e ações de sua elite local, impulsionando a pecuária e desempenhando um papel intermediário significativo.

A evolução da colonização em Araxá e no Triângulo Mineiro revela uma dinâmica complexa onde o “progresso” econômico e o desenvolvimento urbano foram construídos sobre a apropriação territorial e o deslocamento de populações preexistentes. As expedições iniciais não estabeleceram assentamentos permanentes, mas o surgimento de núcleos populacionais mais duradouros, impulsionados pela mineração e, posteriormente, pela pecuária e agricultura, levou diretamente à expulsão de povos indígenas. Isso demonstra que o desenvolvimento colonial não foi um processo orgânico ou pacífico, mas sim uma subjugação violenta que desestruturou modos de vida ancestrais em favor de interesses econômicos e territoriais.

A Tabela 1 oferece uma visão cronológica dos eventos chave que moldaram a colonização de Araxá e sua região, servindo como um referencial para compreender as transformações históricas e suas consequências.

Tabela 1: Linha do Tempo da Colonização de Araxá e Região (Séculos XVII-XIX)

Período/DataEvento ChaveFonte Primária
Século XVIIExpedições bandeirantes exploratórias, sem assentamentos permanentes.
1730sCriação de aldeias indígenas ao longo do Caminho de Anhanguera/Goiases (e.g., Rio das Pedras, Santana do Rio das Velhas).
1736Região integrada à Capitania de Goiás.
1740s-1790sBreve sucesso da mineração, estabelecimento de Desemboque (1760).
Final Séc. XVIII / Início Séc. XIXMigração de pecuaristas/agricultores; fundação de São Domingos do Araxá (antes de 1810).
1816Triângulo Mineiro (incluindo Araxá) anexado a Minas Gerais.
1881Araxá elevada à categoria de “julgado” (distrito judicial).

2. A Violência Contra os Povos Indígenas: Extermínio, Deslocamento e Resistência

Antes da chegada dos colonizadores portugueses, a região do Alto Paranaíba, onde se localiza Araxá, era habitada por diversos povos indígenas. O próprio nome “Araxá” é de provável origem Tupi-Guarani, significando “lugar alto de onde primeiro se avista o sol”, o que atesta a presença indígena ancestral. As primeiras menções aos índios Araxás nessas terras foram registradas pela expedição de Lourenço Castanho Taques. A historiografia tradicional, muitas vezes baseada em lendas como a de Catuíra e relatos de memorialistas dos séculos XIX e XX, retratava os Araxás como um povo guerreiro que por muitos anos impediu a penetração de outros grupos, incluindo os luso-brasileiros. Eles também eram conhecidos por suas alianças militares, notadamente com os quilombos do Sertão do Campo Grande. Documentos do século XVIII, contudo, oferecem uma perspectiva mais matizada, indicando que o contato inicial entre os Araxás e os luso-brasileiros ocorreu entre 1748 e 1749, com os Araxás até mesmo buscando uma aliança com a Coroa Portuguesa, possivelmente devido a dificuldades enfrentadas, como ataques de outros povos indígenas ou expedições.

A colonização da região foi marcada por intensos conflitos e uma política de extermínio contra os povos indígenas. Os Araxás, segundo memorialistas, foram dizimados em 1766 durante uma expedição liderada por Inácio Corrêa Pamplona, após a anexação do Triângulo Mineiro a Goiás. No entanto, documentos do século XVIII apresentam uma narrativa diferente, sugerindo que a nação Araxá foi “totalmente extinta” já no final de 1750, devido a um ataque dos Kayapó, resultando em “grande mortandade” e captura de mulheres e crianças. Essa discrepância nas narrativas históricas sobre a “extinção” dos Araxás, ora atribuída a conflitos interétnicos, ora a expedições coloniais, revela uma complexa manipulação de discursos. As potências coloniais, e posteriormente memorialistas, construíram narrativas que, ou os eximiam de responsabilidade direta (culpando conflitos entre tribos), ou justificavam suas ações pela demonização da resistência indígena.

A política indigenista colonial diferenciava entre índios aliados e inimigos. Grupos Jê, especialmente os Kayapó, foram rotulados como “gentio bravo” ou “bárbaro” e se tornaram alvos de uma guerra de extermínio e escravização. Ordens explícitas de governadores, como D. Luiz de Mascarenhas em 1742, instruíam a “passar a espada sem distinção ou diferença alguma de sexo” aqueles que não se rendessem, poupando apenas crianças menores de 10 anos para serem escravizadas. Estima-se que milhares de Kayapó foram escravizados, com cerca de oito mil apenas por paulistas em 1741. O discurso colonial construiu uma imagem negativa dos “Cayapó” como “bárbaros”, “selvagens” e “traidores”, justificando a violência contra eles. O próprio termo “Cayapó” não era um etnônimo, mas significava “como macaco” em Tupi ou Guarani, reforçando essa visão colonial de “selvagem”. Essa desumanização deliberada dos povos indígenas foi um elemento fundamental para legitimar seu extermínio, deslocamento e escravização, evidenciando uma campanha ideológica que acompanhava a violência física.

A guerra e a conquista do “gentio Cayapó” levaram à transferência forçada de vários outros grupos indígenas, como os Bororo, Paresi, Karajá e Xakriabá, para aldeamentos criados entre os rios Grande e Paranaíba. Esses índios aldeados, considerados “mansos” ou “negros da terra”, eram utilizados como mão de obra e soldados nas guerras contra os “gentios bárbaros”. Apesar da violência, os povos indígenas reelaboraram suas identidades e culturas em um contexto de negociações e conflitos. Eles desenvolveram diferentes estratégias, incluindo a guerra contra não-índios e outros grupos indígenas, mas também firmaram alianças com negros fugidos. O Quilombo do Ambrósio, também conhecido como “Tengo-Tengo”, localizado onde hoje é o distrito de Ibiá, é um exemplo notável de resistência. Organizado por negros fugitivos, esse quilombo viu a convivência pacífica entre negros e índios, que se tornaram aliados na defesa de seu território. O quilombo foi descoberto e atacado em 1759.

As consequências da colonização para os povos indígenas foram profundas e duradouras. A invasão da região pela sociedade colonial resultou na expulsão dos índios de suas terras e na quase extinção de sua existência material e modo de vida original. Eles foram forçados a adaptações, geralmente em assentamentos, fazendas, vilas e cidades, para garantir sua sobrevivência. O intenso processo de “urbanização”, muitas vezes forçado, deslocou diversas populações indígenas, levando à sua marginalização e invisibilidade na esfera pública nacional. A imposição de noções de nação no âmbito político-administrativo e no imaginário coletivo dificulta a aceitação das diferenças étnico-culturais, pois o Estado, como pretensa realidade homogênea, nega a possibilidade de conceber a formação da nação como um conceito mutável que agrega formas diferentes para diversos momentos históricos.

As populações indígenas urbanas enfrentam discriminação, condições de vida precárias e dificuldades de acesso a serviços básicos. A ausência de povos indígenas não aldeados na esfera pública nacional contribui para a dificuldade em definir suas identidades em ambientes urbanos, resultando em invisibilidade e dependência de estereótipos. Muitos podem até negar sua identidade para evitar preconceito. O projeto histórico de construção do Estado Nacional Brasileiro, ao longo do século XIX, desconsiderou a presença de povos indígenas contemporâneos, focando em “ancestrais extintos” para símbolos nacionais. Apesar da Lei Federal 11.645 de 2008, que torna o estudo da história e cultura indígena obrigatório nos currículos escolares, ainda há uma carência de políticas públicas afirmativas específicas para a população indígena urbana não aldeada.

Apesar de todas as adversidades, o aumento demográfico atual e o “reaparecimento” de numerosos grupos indígenas que haviam “desaparecido” ao longo do século XX indicam uma crescente presença de populações não aldeadas em centros urbanos brasileiros, mesmo em condições precárias. Em Minas Gerais, existem hoje mais de vinte etnias indígenas, incluindo os Catu-Awá-Arachás em Araxá, que continuam a lutar por seus direitos, territórios e sobrevivência cultural diante das pressões históricas e contemporâneas. A violência contra os povos indígenas estendeu-se para além do extermínio físico, alcançando uma anulação cultural e social sistemática. A urbanização forçada e a marginalização criaram uma “invisibilidade” histórica onde sua existência contemporânea e desafios únicos foram negados ou ignorados pelo Estado e pela sociedade dominante. O “reaparecimento” de grupos indígenas hoje, apesar das condições precárias, representa um poderoso ato de resiliência etnocultural e uma luta contínua contra o projeto histórico de homogeneização. Isso sublinha que as “consequências da colonização” não são meros eventos passados, mas desafios contínuos que exigem o reconhecimento das identidades e direitos indígenas atuais, especialmente nos contextos urbanos.

3. A Escravidão Negra em Araxá: Dinâmicas, Sofrimento e Cotidiano

A economia de Araxá, intrinsecamente ligada à pecuária extensiva, à rota do sal e ao comércio, dependia crucialmente da mão de obra escravizada. A região desenvolveu-se economicamente no final do século XVIII com base na agricultura e pecuária, o que resultou em uma sociedade latifundiária, patriarcal e escravista. A posse de escravos era um indicador visível de fortuna e prestígio, frequentemente incluída em dotes ou doações. O valor de um escravo podia, inclusive, superar o de terras; em 1864, um escravo criolo de 22 anos foi avaliado em 2.100.000 réis, quase o mesmo que 203 alqueires de terra. A prática de comprar e vender “partes” de escravos era comum, e a valoração dos cativos dependia de fatores como idade, origem, especialidade, capacidade produtiva e reprodutiva, além das condições de mercado e medidas legais contra o tráfico. No período final da escravidão, os preços dos escravos aumentaram a partir da década de 1840, atingindo o pico entre 1860 e meados de 1870, para depois declinar gradualmente após 1875. A escassez de moeda circulante tornava os escravos um bom investimento, sendo frequentemente utilizados como pagamento de dívidas ou em outras transações.

Os dados censitários de 1832 para São Domingos do Araxá revelam uma população de 2.848 habitantes, composta por 929 brancos, 1.092 afrodescendentes livres e 827 escravos. A maioria dos afrodescendentes livres era classificada como “pardos” (1.012), em contraste com os “pretos” (80), o que sugere que a condição de liberdade influenciava a classificação de cor. Embora os escravos fossem contados na população total do censo, eram quantificados e avaliados como propriedade em inventários e testamentos, sendo vendidos, comprados, trocados, doados, alugados e hipotecados como outros bens. A “qualidade” (origem racial ou étnica) também podia indicar aptidões ou especialidades, influenciando o valor de mercado. O estado civil raramente era aplicado aos escravos nos formulários censitários, apesar dos registros paroquiais de batismos e casamentos de escravos. As ocupações predominantes para pessoas de cor eram as de jornalheiro e carpinteiro, enquanto as ocupações femininas eram raramente listadas, exceto para algumas viúvas e mulheres solteiras, geralmente relacionadas a especialidades domésticas.

A análise da escravidão em Araxá demonstra que a instituição era, fundamentalmente, uma empresa econômica calculada, onde seres humanos eram mercantilizados para maximizar o lucro. A “benevolência” frequentemente citada em alforrias era, muitas vezes, uma fachada para cálculos econômicos, como a liberação de ativos improdutivos, ou para a manutenção do controle, exigindo serviços pós-libertação. A escassez de registros formais de reconhecimento de paternidade de filhos de pais brancos e mães escravizadas sublinha ainda mais a desumanização, onde os laços familiares eram secundários aos direitos de propriedade. Isso evidencia a violência sistêmica inerente ao tratamento de pessoas como meras unidades econômicas, em vez de indivíduos com direitos e dignidade intrínsecos.

Afrodescendentes também possuíam escravos em Araxá, o que indica uma complexa integração às práticas da sociedade branca. Escravos podiam ser alugados ou trabalhar sob o sistema “ao ganho”, onde recebiam uma quantia diária ou semanal para seus proprietários, o que lhes permitia maior liberdade de circulação e a possibilidade de economizar para sua própria liberdade. Esse sistema, particularmente para as mulheres em centros urbanos, facilitou a criação de redes sociais e a aquisição de dinheiro para a alforria. As motivações para a concessão da liberdade frequentemente citavam “bons serviços prestados” ou “muito amor”, mas eram provavelmente frases formais. As condições para a liberdade muitas vezes incluíam a continuidade do serviço até a morte do proprietário. Muitas crianças “livres” eram, provavelmente, resultado de paternidades não reconhecidas. Alforrias também eram concedidas a escravos improdutivos (por idade ou doença) para aliviar os proprietários de seus cuidados, ou como atos de caridade cristã por proprietários moribundos. Alguns escravos obtinham a liberdade concordando em trabalhar para pagar os funerais de seus antigos senhores ou sustentar órfãos. Os preços das alforrias seguiam as tendências de mercado, com os anos 1860 registrando os valores mais altos.

A Tabela 2 apresenta um panorama demográfico de Araxá em 1832, destacando a composição racial e o status social da população. A Tabela 3, por sua vez, ilustra as dinâmicas do mercado de escravos e as complexidades das alforrias na região durante o século XIX.

Tabela 2: População de Araxá em 1832: Classificação Racial e Status Social

Categoria PopulacionalNúmero de IndivíduosDetalhesFonte Primária
Total de Habitantes2.848
Brancos929
Afrodescendentes Livres1.092Pardos: 1.012; Pretos: 80
Escravos827

Tabela 3: Dinâmicas do Mercado de Escravos e Alforrias em Araxá (século XIX)

AspectoDetalhesFonte Primária
Valoração de EscravosEscravo Ignacio criollo (22 anos) avaliado em 2.100.000 réis em 1864, valor próximo a 203 alqueires de terra.
Tendências de PreçosAumento de preços a partir de 1840s, pico entre 1860 e meados de 1870, declínio após 1875.
Condições de AlforriaFrequentemente condicional (e.g., serviço contínuo até a morte do proprietário).
Motivações para Alforria“Bons serviços”, “muito amor” (frases formais), libertação de escravos improdutivos, caridade.
Métodos de PagamentoDinheiro, parcelas, sistema “ao ganho” (permitia acúmulo de recursos).

As formas de resistência e as redes de solidariedade foram cruciais para a sobrevivência e a agência dos escravizados. O Quilombo do Ambrósio (“Tengo-Tengo”), em Ibiá, foi uma forma significativa de resistência, onde negros fugidos e índios coexistiam pacificamente e eram aliados. Esse quilombo foi atacado em 1759. Os africanos escravizados não aceitaram passivamente a escravidão; a resistência incluía fugas e agressões. O Quilombo de Palmares é um exemplo proeminente dessa resistência. As últimas décadas da escravidão em Minas Gerais foram marcadas por intensos conflitos e tensões, incluindo casos de escravizados cometendo crimes contra seus senhores.

As Irmandades do Rosário, confrarias religiosas, foram espaços vitais para a vida religiosa e social, onde tradições africanas e portuguesas coexistiam. Elas proporcionaram aos escravizados um meio de se apropriar dos santos católicos e relacioná-los a divindades africanas, formando novas identidades e criando redes de solidariedade. Muitas famílias escravizadas conseguiram manter sua unidade e, possivelmente, obtiveram vantagens sociais, o que pode ter contribuído para seus papéis de liderança em associações de Congada após a abolição. As experiências de sofrimento durante a escravidão, juntamente com as redes de proteção e os conflitos inerentes a esse período, deixaram um legado profundo para as gerações futuras, transformando-se em uma identidade mais ampla para os descendentes, de escravizados a “filhos do Rosário”. As memórias da escravidão e da liberdade continuam a ser revividas através das festividades do Rosário, particularmente a Congada e o Moçambique.

A dinâmica da escravidão em Araxá revela uma complexa interação onde afrodescendentes escravizados e libertos navegavam e, por vezes, até participavam de aspectos do sistema opressor. Isso não era necessariamente por cumplicidade, mas como um meio de sobrevivência, acumulação de recursos e resistência sutil. A posse de escravos por alguns libertos, embora moralmente questionável, pode ter sido uma estratégia para alcançar status ou estabilidade econômica dentro da estrutura social vigente. O sistema “ao ganho” e as irmandades, embora não fossem revolucionários, permitiram a agência, a construção de comunidades e a criação de espaços sociais alternativos dentro dos limites da escravidão. Isso demonstra que a resistência não se manifestava apenas em rebeliões abertas, mas também em adaptações estratégicas e na preservação de laços culturais e sociais diante de um sistema brutal.

4. A Igreja Católica e o Sofrimento na Região: Legitimidade, Contradições e Perseguição

A Igreja Católica desempenhou um papel central na formação econômica, social e religiosa do Brasil colonial, estando profundamente entrelaçada com a escravização de povos indígenas e africanos. Os interesses da Igreja e da Coroa Portuguesa estavam indissociavelmente ligados na América Portuguesa, caracterizando todo o período colonial, onde a cruz e a espada eram elementos inseparáveis na conquista. A Igreja serviu como principal legitimadora das ações da Coroa, incluindo a escravização de africanos, por meio de seu discurso e propostas missionárias. O “Padroado Português” concedeu direitos e deveres à Coroa Portuguesa como patrona das missões católicas e instituições eclesiásticas.

Padres como Manuel da Nóbrega, ao chegar ao Brasil, observaram que os únicos trabalhadores disponíveis eram indígenas e africanos escravizados, o que levou à aceitação do trabalho escravo como condição necessária para o sucesso da empresa colonial. A própria Companhia de Jesus aceitou a escravidão como parte de sua integração no mundo senhorial, considerando impossível viver sem escravos. O discurso católico sobre a escravidão, presente desde as epístolas paulinas e incorporado por autores coloniais como Vieira e Antonil, enfatizava a obediência do escravo, o tratamento humano (com condições para punição) e a fé cristã. A condição de escravo era compreendida a partir da existência do pecado, sendo o escravo visto como um pecador que deveria expiar o pecado através de sua condição, por vezes designado como “filho de Caim”. A resignação e a humildade eram comportamentos esperados, prometendo salvação aos obedientes. A conversão de “infiéis” (indígenas e africanos) era um objetivo central, justificando a colonização, e a recusa à conversão poderia levar a uma “guerra justa” e à escravização. O tráfico de escravos, longe de ser condenado, era visto como um caminho para a redenção dos africanos “infiéis”, que iriam viver em terras católicas.

No que tange à escravidão indígena, a ocupação dos territórios foi justificada pela conversão do índio. Houve divergências no clero sobre a possibilidade de conversão dos índios, com Vieira expressando esperança, enquanto Anchieta e Nóbrega manifestavam descrença. Nóbrega aceitava a escravidão indígena em certos casos, como para índios que se recusassem a entrar nas aldeias, justificando-a como “guerra justa”. Embora jesuítas como Vieira tenham combatido a escravização indígena, considerando-a uma “caça ao homem”, essa proibição foi amplamente ineficaz. Os aldeamentos, embora vissem a destruição da cultura indígena como sucesso, também eram vistos pelos índios como refúgio contra a escravização, e os índios aldeados eram vistos como reserva de mão de obra para os jesuítas, configurando uma nova forma de servidão. Membros do clero também participavam da captura de indígenas para fins lucrativos. A oposição de Vieira à escravidão indígena foi, em parte, motivada pelo desejo de assegurar que os padres tivessem mais direitos sobre a vida dos indígenas do que os colonos.

Em contraste, a legitimidade da escravidão negra jamais foi contestada pela Igreja colonial ou pela Companhia de Jesus. A fé católica foi usada para legitimar a posse de escravos, e o relacionamento entre senhores e escravos era normatizado pela fé, exigindo humildade e obediência. Sacerdotes enfatizavam a necessidade econômica da manutenção do sistema escravista, vendo os escravos como “mãos e pés do senhor de engenho”. O tráfico de escravos era visto como uma estratégia de conversão, onde o africano, trazido para terras cristãs, seria batizado e teria sua alma redimida, visão defendida por Padre Antonio Vieira. A Igreja não condenava a escravidão em si, mas sim os maus-tratos, e lutar contra a escravidão seria negar a vontade divina e a ordem estabelecida. O catolicismo contribuiu para a manutenção das hierarquias sociais, inserindo escravos, libertos e homens livres na ordem vista como natural. Embora a Igreja buscasse moralizar as relações sociais dos escravos através de vínculos matrimoniais, isso gerava atrito com os senhores que viam os escravos como propriedade para lucro. Apesar da primazia do pecado como fundamento, a Igreja historicamente demonstrou racismo doutrinário e institucional, com exclusão de negros e mestiços de cargos eclesiásticos e preferência por escravos de cor clara em alguns conventos. A religião era instrumentalizada para evitar rebeliões, com a confissão sendo vista como um “antídoto para as insurreições”, ensinando o escravo a ver o senhor como um pai e a dever-lhe amor, respeito e obediência.

A Igreja, como grande proprietária de escravos, tinha interesse na manutenção do sistema. As propriedades rurais jesuíticas, por exemplo, eram movidas por trabalho escravo. Padre João Antonio Andreoni (Antonil) tinha uma visão mais econômica do que eclesiástica da escravidão, afirmando que “os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho” e que sem eles não seria possível fazer, conservar e aumentar a riqueza. Ele via os escravos como “coisas” ou “instrumentos de trabalho” sem direitos. A moral de Antonil estava inteiramente alinhada com as razões do mercantilismo colonial. Apesar de suas diferenças de discurso, tanto Vieira quanto Antonil concordavam que a escravidão, mesmo que não ética e moral, era necessária para a economia da colônia.

A Igreja Católica atuou como um pilar fundamental do sistema escravista colonial, fornecendo justificação ideológica e beneficiando-se economicamente da escravidão. Seu discurso teológico, embora aparentemente preocupado com a “salvação”, efetivamente espiritualizou e normalizou o sofrimento extremo, contribuindo para o racismo sistêmico. No entanto, dentro dessa estrutura opressora, as próprias instituições que a Igreja permitia, como as irmandades, foram apropriadas por populações escravizadas e libertas, transformando-se em espaços vitais para a preservação cultural, ajuda mútua e formas sutis de resistência. A perseguição a marranos também destaca o papel mais amplo da Igreja na imposição da conformidade religiosa e na exploração econômica de grupos marginalizados.

A Inquisição, um instrumento da Igreja, mantinha “inspetores” nas colônias para denunciar rituais religiosos de origem africana praticados por negros escravizados ou libertos ao Santo Ofício. A Inquisição, por vezes, tentava conciliar a penalização com a escravidão, “perdoando alguns escravos a pedido de seus senhores”, pois a extradição de escravos para a Europa causava perdas econômicas aos proprietários. O regime da Inquisição deixou ecos que ainda ressoam nas esferas legal e social, contribuindo para a persistência do racismo institucional no Brasil. No século XVIII, Minas Gerais tornou-se um alvo da Inquisição devido à sua prosperidade e ao ouro, levando à vigilância e prisão de portugueses acusados de praticar o judaísmo (marranos). O marranismo no Brasil era mais um sentimento e uma visão de mundo do que uma prática cripto-judaica estrita. Marranos eram acusados do crime de judaísmo e de pertencer a sociedades secretas, representando 42% dos brasileiros condenados à morte por fogueira. Sociedades secretas marranas surgiram em Minas Gerais ao longo das rotas do ouro, reunindo-se para negócios e construindo resistência, incluindo cripto-judeus, céticos e homens identificados por seu status de párias e suas críticas ao catolicismo. A Inquisição confiscou a riqueza de marranos presos, inclusive em Minas Gerais. A vigilância constante e a exclusão reforçaram a resistência aos preceitos da Igreja entre os cristãos-novos, fomentando uma postura crítica ao catolicismo. Aproximadamente 500 cristãos-novos foram identificados entre os denunciados e presos em Minas Gerais. Dos 21 cristãos-novos queimados no Brasil, 8 residiam ou “assistiam” em Minas Gerais.

A Igreja, ao justificar a escravidão com conceitos teológicos (pecado, salvação) em vez de inferioridade racial, e ao mesmo tempo demonstrar racismo institucional, revela uma profunda contradição. Ela tentou moralizar as relações escravistas através do casamento, mas enfrentou a resistência dos senhores que viam os escravos como propriedade. As ações da Inquisição, ao perseguir “desviantes” religiosos, também consideravam o impacto econômico sobre os proprietários de escravos, e a mobilidade dos cristãos-novos era frequentemente impulsionada pela vigilância inquisitorial e interesses econômicos. Isso demonstra que as ações da Igreja não eram movidas apenas por preocupações espirituais, mas estavam profundamente entrelaçadas com a engenharia econômica e social do projeto colonial. Ao enquadrar a escravidão como um caminho para a salvação e impor a conformidade religiosa, a Igreja visava controlar a vida espiritual e social dos escravizados, prevenindo rebeliões e mantendo a ordem social. A tensão entre seus esforços “moralizadores” e os interesses econômicos dos senhores de escravos revela uma negociação constante dentro da estrutura de poder colonial. A perseguição a marranos, muitas vezes levando à confiscação de bens, sublinha como a perseguição religiosa podia servir a fins econômicos, evidenciando uma abordagem sistêmica para controlar e explorar diversos grupos marginalizados sob o pretexto da pureza religiosa.

Em meio a essa opressão, as irmandades negras surgiram como espaços cruciais de fé e resistência. As irmandades negras eram as únicas formas de associação permitidas à população negra. Embora não tivessem como objetivo o fim da escravidão, elas proporcionavam oportunidades para os escravos expressarem suas dificuldades, reconstruírem suas identidades e se diferenciarem de outros segmentos sociais. Foram espaços significativos para a vida religiosa onde tradições africanas e portuguesas coexistiam, permitindo aos escravizados apropriar-se dos santos católicos e relacioná-los a divindades africanas, formando novas identidades e criando redes de solidariedade. Muitos escravos eram filiados a irmandades, que ofereciam assistência social e cuidado nos momentos finais. As festividades de Congada e Moçambique, ligadas às Irmandades do Rosário, tornaram-se um meio para os descendentes ressignificarem o passado escravizado e celebrarem a liberdade.

5. Consequências Duradouras da Colonização e Violência

O processo de colonização em Araxá e no Triângulo Mineiro deixou um legado profundo de violência e marginalização para as populações indígenas e negras. A colonização levou à quase extinção da existência material e do modo de vida original dos povos indígenas, forçando-os a adaptações e, frequentemente, a uma “urbanização forçada”. Essas populações enfrentaram deslocamento, marginalização e invisibilidade, lutando para preservar sua identidade etnocultural em ambientes urbanos, muitas vezes negando sua identidade para evitar preconceitos. O projeto histórico de construção do Estado Nacional Brasileiro desconsiderou a presença de povos indígenas contemporâneos, focando em “ancestrais extintos” para a formação de símbolos nacionais. O regime da Inquisição, por sua vez, deixou ecos que ainda ressoam nas esferas legal e social, contribuindo para a persistência do racismo institucional no Brasil. As experiências de sofrimento durante a escravidão, juntamente com as redes de proteção e os conflitos, deixaram um legado profundo para as gerações futuras, transformando-se em uma identidade mais ampla para os descendentes, de “escravos” a “filhos do Rosário”. As memórias da escravidão e da liberdade continuam a ser revividas através das festividades do Rosário, particularmente a Congada e o Moçambique, hoje lideradas por jovens descendentes negros que afirmam suas identidades e se engajam em lutas políticas contemporâneas contra o racismo.

A violência sistemática contra os povos indígenas (extermínio, deslocamento, apagamento cultural) e africanos escravizados (comodificação, trabalho brutal, negação de direitos familiares) gerou um trauma intergeracional profundo para essas populações, manifestando-se em marginalização contínua, invisibilidade e racismo sistêmico. No entanto, simultaneamente, essa adversidade fomentou uma resiliência notável. As práticas culturais e as estruturas comunitárias, como as irmandades e os quilombos, que emergiram durante e após a escravidão, não são meros artefatos históricos, mas sim locais ativos de memória, afirmação de identidade e luta política contemporânea. Isso demonstra que o legado do sofrimento não é apenas um fardo, mas também um catalisador para a memória coletiva, a continuidade cultural e a busca contínua por justiça e reconhecimento.

Apesar da Lei Federal 11.645 de 2008, que torna o estudo da história e cultura indígena obrigatório nas escolas, ainda há uma carência de políticas públicas afirmativas para as populações indígenas urbanas não aldeadas. O aumento demográfico atual e o “reaparecimento” de grupos indígenas indicam uma crescente presença de populações não aldeadas em centros urbanos, apesar das condições precárias. Grupos indígenas em Minas Gerais hoje, incluindo os Catu-Awá-Arachás em Araxá, ainda enfrentam lutas por seus direitos, territórios e sobrevivência cultural diante das pressões históricas e contemporâneas. A herança familiar permanece um aspecto central na perpetuação do grupo de Congado e Moçambique de Piedade do Rio Grande, evidenciando a resiliência cultural.

6. Conclusão

A colonização de Araxá e da região do Triângulo Mineiro foi um processo intrinsecamente violento, impulsionado por interesses econômicos que resultaram na subjugação e no sofrimento de povos indígenas e negros. A transição de uma área de passagem para um centro de pecuária e agricultura significou a apropriação de terras e a expulsão sistemática das populações indígenas preexistentes, muitas vezes sob a justificativa de “civilização” ou a atribuição de sua “extinção” a conflitos interétnicos, mascarando a violência colonial.

A instituição da escravidão negra foi o pilar econômico da região, tratando seres humanos como commodities e negando-lhes dignidade e direitos básicos. As dinâmicas de compra, venda e alforria revelam uma racionalidade econômica fria, onde a “benevolência” era frequentemente uma fachada para interesses financeiros. Contudo, em meio a essa brutalidade, as populações escravizadas e libertas desenvolveram notáveis formas de resistência e solidariedade, como os quilombos e as Irmandades Negras, que se tornaram espaços vitais para a preservação cultural, a formação de identidades e a construção de redes de apoio.

A Igreja Católica, longe de ser uma observadora neutra, foi um agente fundamental na legitimação e manutenção do sistema escravista. Seu discurso teológico, que associava a escravidão ao pecado e à salvação, serviu para normalizar o sofrimento e controlar a vida dos escravizados. Além disso, a Igreja, como grande proprietária de escravos e através de instrumentos como a Inquisição, participou ativamente da exploração econômica e da perseguição religiosa de grupos marginalizados, como os marranos e aqueles que praticavam rituais de origem africana. Paradoxalmente, as estruturas que a Igreja permitiu, como as irmandades, foram ressignificadas pelos próprios oprimidos, transformando-se em focos de resiliência e agência.

As consequências dessa colonização violenta reverberam até hoje. O legado de marginalização, invisibilidade e racismo institucional persiste, afetando as populações indígenas e negras contemporâneas. No entanto, a história de Araxá e região é também uma história de resiliência e resistência. A “reaparição” de grupos indígenas e a continuidade de práticas culturais afro-brasileiras, como a Congada, são testemunhos da capacidade dessas comunidades de preservar sua memória, reafirmar suas identidades e lutar por justiça e reconhecimento em uma sociedade que ainda carrega as marcas profundas de seu passado colonial. Compreender essa história complexa é essencial para abordar os desafios sociais e culturais presentes e construir um futuro mais equitativo.

Referências citadas

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